




Gerações de um mar...

Papel Educativo dos Museus
Segundo Fernandez, citado por José Mendes (1999), “A história e a evolução do museu estão intimamente ligados à própria história humana. Especialmente a necessidade que o homem de todos os tempos, culturas e lugares tem sentido de colecionar os mais diversos objetos e de os preservar para o futuro” (p. 670). De fato, foi esta necessidade de colecionar objetos que contribuiu para o nascimento do museu e da sua outrora ideologia. No entanto, na atualidade e com a evolução, sabe-se que os museus não são mais vistos como “armazéns de coleções” e os seus propósitos vão muito além desta ideologia. Segundo Mendes (1999), os museus foram transformados em “centros que são simultaneamente, de educação e de lazer, de experimentação e de estudo, de sociabilidade e até de espetáculos” (p. 679).
No que respeita à função educativa dos museus, esta é de extrema importância e Harrison, citado por Mendes (1999), salienta que “Tudo o que se faz num museu tem valor educativo, mesmo na ausência detida a intenção deliberada” (p. 682).
Foram vários os motivos que contribuíram para esta centralização e valor educativo dos museus. Entres eles, destaca-se a evolução do próprio conceito de educação. Até as primeiras décadas do século XX, a educação era vista como instrução, no qual a transmissão e aquisição de conhecimentos assumia um maior foco no processo de ensino-aprendizagem, sendo assim relevante a informação factual. Na atualidade, esta perspetiva sobre a educação é completamente inadequada, pois privilegia-se o desenvolvimento e crescimento da pessoa como um todo, sendo que a aquisição e ordenação dos factos é apenas uma parte do processo total.
Outro factor importante é a participação que o próprio educando desempenha neste processo. A educação não formal, que é contemplada nos museus, tem assim vindo a adquirir uma atenção redobrada pois, contrariamente ao que ocorre na educação formal, esta é desejada e procurada, voluntariamente pelo público/sujeito interessado (Mendes, 1999). Na mesma linha de ideias, Fronza-Mantins (s.d), diz-nos que a ação educativa presente na educação não-formal, ressalva o envolvimento do público de forma prazerosa, no e pelo processo de ensino-aprendizagem.
Posto isto, a questão da educação é um dos enfoques atuais dado pelos museus, quer a nível do papel social, quer a nível das práticas realizadas e das suas reflexões. Assim, tal como nos refere Fronza-Martins (s.d.), o interesse não está então apenas patente na “organização e preservação de acervos mas também na ênfase da compreensão, desenvolvimento e promoção da divulgação, bem como na formação de público como forma de disseminar conhecimentos por meio de uma ação educativa” (p. 71).
Segundo Cabral (2002), referido por Fronza-Martins (s.d.), salienta que a educação nos museus, tem como foco o bem cultural, constituindo-se numa instituição educacional autónoma. Segundo o mesmo autor, esta educação é vista como “educação patrimonial, ou seja, um processo permanente e sistemático de trabalho educacional, centrado no Património Cultural (tangível ou intangível) como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e coletivo” (p. 72).
As atividades existentes no museu não devem ser vistas como meramente recreativas, mas sobretudo significativas e educativas. O museu assim tem o importante desafio de transformar os resultados de pesquisas e projetos em atividades amenas e acessíveis ao público, de forma a que estas sejam dinâmicas e atrativas sem empobrecer em demasia a área cientifica. Desta forma, Fronza-Martins (s.d.), diz-nos que no “contexto nos museus, ação educativa pode acrescentar-se como facilitadora e provedora de um processo prazeroso de ensino-aprendizagem, inserido dentro de uma ação cultural mais ampla” (p.73) . Assim, a Ação Educativa centra-se, sobretudo mas não só, na interação entre o público e os objetos que se encontram em exposição, mediadas por ações educacionais, através das mais diversas atividades. Tais atividades tornam o museu no “espaço ideal”, claro não sendo o único nem obstante aos outros centros de educação não formais ou informais, de articulação do afetivo, do emotivo, do sensorial e do cognitivo, do abstrato e do conhecimento, do abstrato e do conhecimento intangível, da produção do conhecimento.
Concordando com o facto de Simpson, Park e Fernandes (2001), citado por Fronza-Martins (s.d.) , “ as atividades de educação não-formal precisam ser vivenciadas com prazer em local agradável, que permita movimentar-se, expandir-se e improvisar, possibilitando oportunidades de troca de experiências, de formação de grupos (de proximidade, de brincadeiras e de jogos, no caso das crianças e jovens), contato e mistura de diferentes de idades e de gerações” (p. 73).
Em suma, basta ressaltar que há que quebrar o estereótipo ainda existente que a educação se restringe ao espaço da escola e abraçar a educação não formal presente em muitas instituições educativas como no caso em estudo, nos museus.